terça-feira, 3 de junho de 2008

Da Felicidade

Foto: Nicholas Murray

O que te deixa feliz?
Li que Lorde
Byron, pouco antes de sua morte, disse a um amigo que só conheceu três horas felizes em toda a sua vida. Pouco né? Mas é que na época do Byron tinha uma tendência chamada Weltschmerz, bem deprê, uma espécie de moda triste. Tem época que a felicidade está totalmente fora de moda mesmo. Também tem gente que sente muito prazer na melancolia. O que são essas anoréxicas, senão representantes da tristeza explícita e voluntária?
Não acho nada disso natural, ou como dizem, do ser humano. Não. Ser feliz é mais necessário do que as pessoas imaginam ou param pra pensar. E a felicidade não existe, porque pode ser qualquer coisa e qualquer coisa não existe. O remédio é procurar uma felicidadezinha aqui, outra ali. Tem as felicidades óbvias e as não tão óbvias. As “mentais” (sentir alegria porque o seu time ganhou) e as “carnais”, ou materiais ( transar, etc). Só que, ao contrário da tristeza, acho difícil ter consciência da própria felicidade
.

Eu quando estou feliz não anoto e raramente fotografo. Não vou estragar o meu momento feliz, parar tudo e dizer: “Peraí que eu vou fotografar.” Em uma viagem fantástica, por exemplo. Essa obrigação que algumas pessoas sentem de tirar foto de tudo o tempo todo faz com que percam o melhor da festa, que é simplesmente aproveitar. Ficam lá tirando fotos, ouvindo o guia e suas explicações e esquecem de observar, curtir e usar a imaginação.
Pensei em momentos felizes bem simples, de todos os dias. A idéia de reunir estes momentos me agradou e foi mais fácil do que parecia. Veja agora o meu ideal de felicidade:


- Fui dormir tarde a noite passada, por conta de 1h40. Acordo às 6h00, pois tenho compromisso para as 7h00, coração batendo com a intromissão do despertador. Lembro-me então que o compromisso é para o dia seguinte, acomodo-me e volto a dormir. Isso não é felicidade?

- Recordo sempre com muito carinho de uma amiga que seguiu os meus passos na escola (mesmas classes e tal), mas de quem perdi completamente o contato. Acho a dita no Orkut, linda e simpática como sempre, deixo um scrap. Ela responde e vamos nos encontrar. Isso não é a felicidade?


- Faz tempo que namoro um vestidinho vermelho totalmente minha cara, mas que é muito caro. Qual não é a minha surpresa quando passo na loja e vejo que ele está três vezes mais barato na liquidação de verão. Isso não é a felicidade?


- É fim de semana e estou sozinha e triste. Resolvo caminhar pelo bairro e encontro um amigo que não via há séculos. Convido-o para uma conversa regada a vinho lá em casa, rimos a noite inteira e ficamos bêbados. Isso não é a felicidade?

- Sentir o cheiro do mar em um dia lindo depois de não ver praia há quinhentos anos. Isso não é a felicidade?

- O trânsito está insuportável, mas começa a tocar aquela música que você AMA. Isso não é a felicidade?

- Estava completamente dura e “achei” 50 reais em um bolso de uma roupa que havia esquecido que existia. Isso não é a felicidade?


- Meu marido passa 15 dias fora, mas eis que chega com um sorriso no rosto e então ficamos em casa e fazemos um programa totalmente namorados. Isso não é a felicidade?

Pode me achar uma idiota e dizer que eu me contento com pouco, porque é verdade. Ainda bem.

E você, o que te deixa simplesmente feliz? Hein? Estou curiosa pra saber. Mas tem que ser felicidade simples. Ah, pensando bem, pode ser qualquer felicidade.


13 Comentários:

Às 3 de junho de 2008 às 19:29 , Blogger Unknown disse...

Cara Mô Mô,
É sempre bom lê o que você escreve. A sua sensibilidade para a contemporaneidade é algo fantástico. Você é uma mulher do seu tempo. Contudo, numa sociedade líquida como a nossa, onde tudo é efêmero, a felicidade é coisa rara. Lembro de um momento desses e foi com você - o concerto no Parque Villa Lobos da Diana Kraw. Foi inesquecível!!! Eu sumo, mas jamais te esqueço. Obrigado pela sua amizade sempre renovada. Dedé

 
Às 3 de junho de 2008 às 19:52 , Anonymous Anônimo disse...

Fico feliz quando estou cozinhando e também quando estou na cama com meu marido, na hora de dormir. É tão bom tê-lo ali do lado, quentinho, esquentando meus pés...

 
Às 4 de junho de 2008 às 07:37 , Anonymous Anônimo disse...

alguém esquentando o pé é algo é realmente uma tremenda felicidade!

 
Às 4 de junho de 2008 às 21:21 , Anonymous Anônimo disse...

Weltschmerz quer dizer "ê, mundinho de merda" em alemão. Bem vinda de volta à blogação. Beijo.

 
Às 4 de junho de 2008 às 22:42 , Anonymous Anônimo disse...

Felicidade pra mim, é o beijinho que meu marido me dá, qdo ainda estou dormindo, pela manhã! E maior ainda, é a felicidade de dormir até a hora que bem entender. :)

 
Às 5 de junho de 2008 às 07:04 , Anonymous Anônimo disse...

há há há! será que é verdade que só é possível filosofar em alemão?

esses beijinhos pela manhã são bons, mas dormir até a hora que bem entender é melhor ainda!
bjs.

 
Às 5 de junho de 2008 às 17:43 , Blogger Quase 30 disse...

A minha felicidade é mais simples e é acima de tudo compensadora, tanta gente falando de marido e eu vou passar totalmente sozinha o dia dos namorados, mas não pensem que isso me deixa triste, pq vou ter uma caixa de bombons e o melhor de tudo, o meu filho me dando um selinho ingênuo de boa noite e mais ou menos 10hrs depois, o mesmo selinho ingênuo volta pra minha boca pra dizer bom dia mamãe, sim isso é felicidade.
O melhor é que serão todos os dias, não só nas datas comemorativas, como fazem muitos namorados.

 
Às 6 de junho de 2008 às 13:13 , Anonymous Anônimo disse...

que delícia esses selinhos...
bj.

 
Às 8 de junho de 2008 às 17:57 , Anonymous Anônimo disse...

Felicidade é chegar em casa de madrugada e achar aquele ultimo gole de Coca na geladeira....

 
Às 10 de junho de 2008 às 06:50 , Anonymous Anônimo disse...

Depois que virei adulto e um pouco mais experiente na vida, vi que a felicidade é um acúmulo de momentos bons. E ela existe dentro da gente, porque é impossível sustentar a felicidade fora de si.

Em tempo: Lorde Byron foi o primeiro gótico, não deixa de ser um estilo de vida, embora não seja lá muito feliz...

bj

 
Às 12 de junho de 2008 às 06:45 , Anonymous Anônimo disse...

Cocal-cola Marcelo? Sou mais uma cervejinha..hehe. Mas tá valendo.

Nossa, certamente Lorde Byron era um tremendo gótico. De qualquer forma, sua tristeza foi espelho de sua obra, até hoje lembrada. Beijão.

 
Às 30 de junho de 2008 às 08:12 , Blogger NANDO NAKUTIS disse...

Precisava de alguém pra bater umas fotos da minha cara de felicidade quando eu terminei a ilustração desse blog. Pq com o braço q utilizo pra trabalhar quebrado após já ter recebido parte do pagamento, vc passa por vários momentos de tristeza, impotência e ,finalmente, desespero.
Ter recebido um "adorei" de sua parte fez bem ao meu ego por saber q posso agradar tbm c/ a mão esquerda. Mas foi incomparável ao que senti por saber que persistir em algo vale realmente a pena.

 
Às 30 de junho de 2008 às 08:54 , Anonymous Anônimo disse...

nando, se com o braço quebrado ficou bom desse jeito, imagine se não estivesse! aliás nunca tive dúvidas de um bom resutado, porque vc é talentosíssimo. e eu adorei mesmo. parabéns.

e sim, persistir sempre vale a pena, não importa o resultado.

 

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