quarta-feira, 24 de março de 2010

Com a palavra, a pedestre

Foto: Annie Lebovitz

Sou pedestre, mais do que tudo. Tenho carro, mas descobri recentemente sua inutilidade. Também conto com o privilégio de trabalhar em casa e morar em um bairro sortido, não só de supermercados e lojas, mas também de cinemas, bares, centro de exposições: tudo perto. Em uma cidade como São Paulo, acho que isso significa qualidade de vida. Beleza.

No entanto, como todo mundo às vezes preciso me deslocar um pouco mais. Carro? Nem pensar. Não há o que justifique o stress, a disputa com motoristas sem educação, a taxa do estacionamento (claro que não tem lugar na rua); os débeis mentais que param em fila dupla ou em vaga de deficiente. No, thanks. Vou de ônibus, de metrô. À noite vou de táxi.

De uns tempos pra cá é comum ver alguns ciclistas na calçada. Sim, na CALÇADA. Um ou dois na rua, de capacete e tal. O resto, na calçada. Outro dia tava caminhando com a minha sobrinha de três anos e um “bicicleteiro de fim de semana” (ciclista pra mim é outra coisa), quase atropela a criança. Protestei e ele por pouco não me agrediu.

Ah, sim, é perigoso porque os motoristas não respeitam os ciclistas. Sei...Aí esses, por sinal, não respeitam os pedestres, a parte mais fraca de toda a história. Ninguém faz campanha pra pedestre, não há protestos, como aquele quando morreu uma ciclista na Avenida Paulista. Lembrei da minha visita à Copenhagen, capital da Dinamarca: ciclovia em praticamente todas as ruas, bicicletas em todos os lugares. Eu não fui atropelada e nunca caminhei com tanta segurança.

O fato é que nosso modelo de trânsito privilegia o carro – o que num futuro não muito distante se mostrará falido. Isso não é culpa minha, faço a minha parte. No meu mundo perfeito deixaria uma faixa somente para as bikes. Gosto de bicicleta. Mas não na São Paulo de hoje e não nessa estrutura ridícula. Os policiais? Assistem a tudo das cabines, não fazem nada. Ninguém me contou, vejo todos os dias. Cidadania não deve constar no treinamento.

Aí vem o “bicicleteiro” sem noção e sem educação e acha, assim como os motoristas de carro na rua, que a calçada é dele. Meu querido, não é. E não deixa de ser engraçado algumas dessas pessoas acharem que são “politicamente corretas” porque usam um veículo não poluente. Só não percebem que estão prejudicando outras pessoas. E não há nada de civilizado nisso.

A parte fraca, sem carro e sem bicicleta, não pode contar com ninguém. Só com as próprias pernas.

6 Comentários:

Às 24 de março de 2010 às 11:08 , Anonymous Alê disse...

Querida,

Também me desloco bastante a pé pelo mesmo bairro, e concordo enfatimante com tudo o que escreveu. Já não bastassem os abusos daqueles que estão de carro - aliás, porque o tamanho do carro é diretamente proporcional à probabilidade de seu motorista NÃO respeitar a faixa de pedestres ? -, os "bicicleteiros" estão cada vez mais abusados.
Creio que, na verdade, é tudo reflexo da falta de educação generalizada e do descaso que a maioria das pessoas nutre pelo próximo e o seu espaço na tumultuada vida urbana. A falta de respeito, desnecessário dizer, esparia-se por outros campos da vida humana, já que é reflexo de algo muito maior.
Enquanto isso, vamos tentando sobreviver.

Beijo grande,

Alê

 
Às 24 de março de 2010 às 12:07 , Anonymous Maria-Sem-Vergonha disse...

Pois é Alê, o buraco é mesmo mais embaixo. Aliás, você me deu uma ideia: um post sobre "carro grande x falta de educação no trânsito". aguardem.

E sim, nós pedestres, menos lembrados e ouvidos, vamos tentando sobreviver.

 
Às 24 de março de 2010 às 12:07 , Anonymous Alê disse...

Querida,

Também me desloco bastante a pé pelo mesmo bairro, e concordo enfaticamente com tudo o que escreveu. Já não bastassem os abusos daqueles que estão de carro - aliás, porque o tamanho do carro é diretamente proporcional à probabilidade de seu motorista NÃO respeitar a faixa de pedestres ? -, os "bicicleteiros" estão cada vez mais abusados.
Creio que, na verdade, é tudo reflexo da falta de educação generalizada e do descaso que a maioria das pessoas nutre pelo próximo e o seu espaço na tumultuada vida urbana. A falta de respeito, desnecessário dizer, espraia-se por outros campos da vida humana, já que é reflexo de algo muito maior.
Enquanto isso, vamos tentando sobreviver.

Beijo grande,

Alê

 
Às 24 de março de 2010 às 12:39 , Anonymous Anônimo disse...

Pessoas eu já fui ciclista num pais muito diferente do nosso e mais especificamente da nossa Paulista, bom como sabem morei na Belgica e como lá é muito pequeno e as coisas são proximas iamos todos de bike, uma delicia e super charmoso sem pressa.
Temos que aderir essa qualidade de vida, São Paulo Dont stop OK, mas as vezes todos precisamos de tempo e o ato de andar de Bike é uma delicia quando aplicado dignamente, talvez devessemos ter mais espaço para praticar assim ninguem anda na calçada e nem corre o perigo nas ruas VOILÁ heheh
se isso fosse serio iria adorar ir de Bike por ai voces nao?

Bjss

Sara

 
Às 24 de março de 2010 às 12:43 , Anonymous Maria-Sem-Vergonha disse...

Eu sou totalmente a favor da bike, anônimo que acho que sei quem é. Por mim, substituiríamos o carro e aí só alegria (ou melhor, só bicicleta).

Eu sou contra bicicleta na CALÇADA.

Beijinho.

 
Às 24 de março de 2010 às 13:09 , Anonymous Luiz Giope disse...

Sou totalmente a favor da bicicleta, porém muitos "ciclistas" não tem um pingo de EDUCAÇÃO.

Andar na calçada e em lugares reservados aos pedestres é uma prática comum em São Paulo.

Em 2007 trabalhei por 3 meses na cidade de Santos, uma verdadeira balburdia. "Ciclistas" andam constantemente pela calçada, estão pouco se lixando para o pedestre.

O brasileiro ainda não aprendeu nem a andar de bicicleta...


Mônica, beeeeijo...!!!

 

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