A vagabundagem como ideal
Foto enviada por meu tio. “Mineiro e quase ilhéu, mas com nome de outro Estado, Élzio do Espírito Santo em passeio pelas Minas Gerais descobriu uma pracinha em Santana dos Montes que muito lembra a praça do Ribeirão da Ilha. É ou não é?”, diz o colunista Ricardinho Machado no Guia Floripa. Esta é outra foto, da mesma Santana do Montes, que não conheço, mas que só pela imagem consigo sentir. Vida em cidade mineira, com leite, queijo, doce e feijão mineiro. Com velocidade máxima de 20 km por hora para os automóveis, olhe lá. Das pessoas na varanda, pronunciando as palavras no diminutivo. Dos cheiros e cores.
E do gato na janela. Existe coisa mais preguiçosa do que um gato e seu sono vespertino? Basta observar por alguns minutos e sentir baixar a pressão arterial. Ócio em cima do tapete, que a dona estendeu na esperança de livrar-se do pó; partícula interiorana de terra, confunde-se com o pelo, que gruda mas não suja, já que também os micróbios são mineiros.
Passo a páscoa em uma cidadezinha também pequena, chamada São Francisco Xavier, (quase Minas) onde incorporarei a cultura do nada fazer por alguns dias.
Boa oportunidade para citar o meu chinês favorito, Lin Yutang, e sua filosofia do bem viver:
“ (...) o homem é o único animal que trabalha. Com exceção de uns poucos cavalos de tiro e de bois, até os animais domésticos estão isentos da necessidade de trabalhar. Os cães policiais são raramente chamados a cumprir seu dever; um cão encarregado da vigilância de uma casa brinca quase todo o tempo, e tira uma boa sesta pela manhã cada vez que encontra um lugar quente ao sol; o aristocrático bichano não trabalha para seu sustento, por certo e, como é dotado de uma agilidade que lhe permite não levar em conta o muro do vizinho, não ter consciência do seu cativeiro, vai onde bem lhe parece.
(...) Afinal, a cultura da máquina nos aproxima a passos largos da idade do lazer, e o homem se verá obrigado a brincar mais e trabalhar menos. É tudo questão de ambiente, e, quando o homem tiver os momentos de ócio à sua disposição, verse-á forçado a considerar mais acerca dos meios de desfrutar mais sabiamente esse ócio.
(...) O constante progresso chegará por certo um dia a um ponto em que o homem se sentirá farto de tudo, e começará a fazer o inventário de suas conquistas no mundo material. Não posso crer que, com o advento de melhores condições materiais da vida, eliminadas as enfermidades, diminuída a pobreza, aumentada a média da existência e mais abundante a alimentação, pense o homem ainda em viver na azáfama de hoje Talvez um temperamento mais preguiçoso resulte desse novo ambiente”.
Lin escreveu isso em 1937. É pena que as coisas não tomaram o rumo que imaginou....
Uma páscoa ociosa para todos!
2 Comentários:
Oh, vontade de levar o Thi pra lá e montar um restaurante e curtir esse lado de se sentir livre das grades da cidade grande. Beijos do Beto!
Querido, só tenho um conselho para lhe dar: faça-o!
Beijo,
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