terça-feira, 11 de maio de 2010

O que você guarda no quartinho do cérebro?

Foto: arquivo pessoal


“(...) _ Você parece espantado – disse ele, sorrindo da minha expressão de surpresa. – Agora que já sei essa informação, farei o possível para esquecê-la.
_Esquecê-la!
_Veja – explicou-, acho que o cérebro do homem é originalmente como um pequeno sótão vazio, que temos de abastecer com a mobília que escolhemos. Um tolo pega todo e qualquer traste velho que encontra pelo caminho, de modo que o conhecimento que poderia lhe ser útil fica de fora por falta de espaço ou, na melhor das hipóteses, acaba misturado com uma porção de outras coisas, o que dificulta o seu possível emprego. Mas o trabalhador de talento é muito cuidadoso a respeito do que coloca no seu sótão-cérebro. Só acolhe as ferramentas que podem ajudá-lo a realizar o seu trabalho, mas dessas ferramentas ele tem uma enorme coleção, e tudo disposto na mais perfeita ordem.

(...). Acredite, chega uma época em que para cada novo conhecimento é preciso esquecer alguma coisa que se conhecia antes. É da maior importância, portanto, não ter fatos inúteis empurrando para fora os úteis.

_ Mas o sistema solar! – protestei.
_Que me importa? – interrompeu impacientemente. – Você diz que giramos ao redor do Sol. Se girássemos ao redor da Lua, não faria a menor diferença para mim ou para o meu trabalho.”*

* Trecho do livro “Um Estudo em Vermelho” de Sir Arhtur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes. Aqui, Holmes trava um diálogo com seu companheiro Watson.

Prestarei maior atenção à faxina do cérebro, assim como no que levar para este canto empoeirado. Compartilho com Holmes o ideal do bem viver: não há de fazer bem acumular informações na cachola. Também não tenho dificuldade em saber o que vale a pena ser preservado, e acredito que qualquer um consiga fazer sua triagem particular.

A foto acima foi tirada na escola maternal quando tinha três anos – e eu, cuja memória anda degenerando numa velocidade assustadora, lembro-me do porquê da cara feia com uma clareza em 3D: o fotógrafo insensível, a situação não consentida, as poses impostas. Botei aquilo no meu quartinho fresco de janelas abertas, ainda vazio para a pouquíssima idade. E me serviu. Hoje ainda lembro que, quando a gente faz algo que não acredita, não gosta ou não tem a mínima vontade, melhor não fazer..

4 Comentários:

Às 12 de maio de 2010 às 06:45 , Blogger Unknown disse...

A foto nem precisava de palavras.
Sábias palavras!
Bjs Monicão!

 
Às 12 de maio de 2010 às 08:03 , Anonymous Maria-Sem-Vergonha disse...

que saudades d´ocê!

 
Às 12 de maio de 2010 às 08:03 , Anonymous Maria-Sem-Vergonha disse...

Este comentário foi removido por um administrador do blog.

 
Às 13 de maio de 2010 às 06:55 , Anonymous Luiz Carlos disse...

Eu li e tentei enviar um comentário.
Como resultado travou meu computador.
Mas é isso aí. Só que nem sempre dá para não fazer algo simplesmente porque não se gosta.
Mas devemos ser firmes nas nossas convicções, mesmo que isto acarrete algum desgaste nos relacionamentos.
Quem compartilha das mesmas idéias vai compreender.
Beijos,
"Fófis"

 

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