quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Das separações

Obra: Gerald Laing

Separação é terrível. Vem à tona uma fragilidade desconhecida, submersa, lá dos arcanos. Alguns perdem a concentração e a disposição. Outros perdem a fome, a fome não aumenta - outros se alimentam compulsivamente, como se quisessem preencher alguma lacuna que permanece furada, como um coador de café vagabundo.

Claro, ninguém morre quando rompe, eu sei. Mas é como uma gripe terrível: você deita e bota o cobertor. Vai passando. E nesse meio tempo não há muito o que se fazer. O negócio é sair, sair muito. Fazer aquelas coisas que você queria fazer e não dava, porque ele ou ela não gostavam e ai, que saco! Experimentar todas as cores, cheiros e sabores. Como diria Herbert Vianna, “provar tantas frutas que te deixariam tonta”. Uma espécie de morfina, até que a crise de abstinência, finalmente, passa.

Eu sei que quando a coisa tá ruim o melhor é não teimar. Mas pêra aí: a gente tem que esgotar todas as possibilidades, né? É uma prova de consideração e acho que quando sobra respeito e carinho, todo mundo faz isso de tentar até esgotar.
Mas bom mesmo é saber que toda tempestade acaba. E depois vem uma sensação poderosa e fatal de recomeço, sempre muito boa. Novas sensações boas e ruins, mas novas.

Aí tudo começa de novo (e assim seja, porque de que vale a vida inteiramente nos trilhos?). Vida com sabor de chuchu não rola, né? Tem que ter cebola, alho, pimenta e cominho. Não gosta de alho? Azeite de dendê ou não sei o quê. Colocar os próprios temperos, temperar por gosto. Neste caso, vá pra cozinha e sinta!

E eis que aparece uma outra beleza, um outro conversa mole e divertida, uma covinha diferente no rosto. Você se pega pensando no moço ou na moça X – e X liga, e isso se chama sincronicidade, que não tem muita explicação e eu não acredito em nenhuma. Uma nova ansiedade, pontada no estômago quando vê a janelinha no messenger apontar praquele nome e, melhor ainda...aquela mesma janelinha te chamar, daqui a pouco, com a mensagem que você queria receber. Aí é só passar do virtual para o real, que nada e ninguém substitui. Isso é que viver.

2 Comentários:

Às 13 de setembro de 2009 às 22:04 , Anonymous Ana Carolina Assan Botelho disse...

Mônica, té ótimo! Parece que escreveu para mim! Sabe que há uma epidemia de separações por aí, né?
Bjos,
Ana

 
Às 14 de setembro de 2009 às 10:35 , Anonymous Maria-Sem-Vergonha disse...

hehe querida...pensei meio que em você mesmo pra escrever, e em mais algumas pessoas.
é o seu momento, viva-o da melhor forma possível. e ah: estou esperando o seu blog!
beijinho,

 

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