O que você guarda no quartinho do cérebro?
Foto: arquivo pessoal
“(...) _ Você parece espantado – disse ele, sorrindo da minha expressão de surpresa. – Agora que já sei essa informação, farei o possível para esquecê-la.
_Esquecê-la!
_Veja – explicou-, acho que o cérebro do homem é originalmente como um pequeno sótão vazio, que temos de abastecer com a mobília que escolhemos. Um tolo pega todo e qualquer traste velho que encontra pelo caminho, de modo que o conhecimento que poderia lhe ser útil fica de fora por falta de espaço ou, na melhor das hipóteses, acaba misturado com uma porção de outras coisas, o que dificulta o seu possível emprego. Mas o trabalhador de talento é muito cuidadoso a respeito do que coloca no seu sótão-cérebro. Só acolhe as ferramentas que podem ajudá-lo a realizar o seu trabalho, mas dessas ferramentas ele tem uma enorme coleção, e tudo disposto na mais perfeita ordem.
(...). Acredite, chega uma época em que para cada novo conhecimento é preciso esquecer alguma coisa que se conhecia antes. É da maior importância, portanto, não ter fatos inúteis empurrando para fora os úteis.
_ Mas o sistema solar! – protestei.
_Que me importa? – interrompeu impacientemente. – Você diz que giramos ao redor do Sol. Se girássemos ao redor da Lua, não faria a menor diferença para mim ou para o meu trabalho.”*
* Trecho do livro “Um Estudo em Vermelho” de Sir Arhtur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes. Aqui, Holmes trava um diálogo com seu companheiro Watson.
Prestarei maior atenção à faxina do cérebro, assim como no que levar para este canto empoeirado. Compartilho com Holmes o ideal do bem viver: não há de fazer bem acumular informações na cachola. Também não tenho dificuldade em saber o que vale a pena ser preservado, e acredito que qualquer um consiga fazer sua triagem particular.
_Esquecê-la!
_Veja – explicou-, acho que o cérebro do homem é originalmente como um pequeno sótão vazio, que temos de abastecer com a mobília que escolhemos. Um tolo pega todo e qualquer traste velho que encontra pelo caminho, de modo que o conhecimento que poderia lhe ser útil fica de fora por falta de espaço ou, na melhor das hipóteses, acaba misturado com uma porção de outras coisas, o que dificulta o seu possível emprego. Mas o trabalhador de talento é muito cuidadoso a respeito do que coloca no seu sótão-cérebro. Só acolhe as ferramentas que podem ajudá-lo a realizar o seu trabalho, mas dessas ferramentas ele tem uma enorme coleção, e tudo disposto na mais perfeita ordem.
(...). Acredite, chega uma época em que para cada novo conhecimento é preciso esquecer alguma coisa que se conhecia antes. É da maior importância, portanto, não ter fatos inúteis empurrando para fora os úteis.
_ Mas o sistema solar! – protestei.
_Que me importa? – interrompeu impacientemente. – Você diz que giramos ao redor do Sol. Se girássemos ao redor da Lua, não faria a menor diferença para mim ou para o meu trabalho.”*
* Trecho do livro “Um Estudo em Vermelho” de Sir Arhtur Conan Doyle, criador de Sherlock Holmes. Aqui, Holmes trava um diálogo com seu companheiro Watson.
Prestarei maior atenção à faxina do cérebro, assim como no que levar para este canto empoeirado. Compartilho com Holmes o ideal do bem viver: não há de fazer bem acumular informações na cachola. Também não tenho dificuldade em saber o que vale a pena ser preservado, e acredito que qualquer um consiga fazer sua triagem particular.
A foto acima foi tirada na escola maternal quando tinha três anos – e eu, cuja memória anda degenerando numa velocidade assustadora, lembro-me do porquê da cara feia com uma clareza em 3D: o fotógrafo insensível, a situação não consentida, as poses impostas. Botei aquilo no meu quartinho fresco de janelas abertas, ainda vazio para a pouquíssima idade. E me serviu. Hoje ainda lembro que, quando a gente faz algo que não acredita, não gosta ou não tem a mínima vontade, melhor não fazer..